O superpetroleiro saudita ‘Sirius Star’, sequestrado na segunda-feira por piratas ao largo da costa queniana, ancorou ontem junto ao porto de Haradheere, na Somália, bastião dos piratas que infestam as águas do Golfo de Aden e que desde o início do ano já foram responsáveis por mais de 90 ataques contra navios de mercadorias. Com 318 toneladas e uma carga avaliada em mais de cem milhões de dólares, o ‘Sirius Star’ é de longe o sequestro mais ousado dos piratas somalis e pode valer um resgate milionário.Apesar da presença no Golfo de Aden de quase duas dezenas de navios de guerra de vários países, incluindo EUA, Rússia e Reino Unido, o ‘Sirius Star’ chegou ontem sem ser interceptado ao porto somali de Haradheere, uma das principais bases dos piratas. O operador do navio, a companhia saudita Vela International, confirmou a localização da embarcação e adiantou que os 25 tripulantes se encontram bem de saúde. A empresa disse ainda estar a aguardar um contacto dos piratas, que ainda não fizeram qualquer exigência.
O superpetroleiro, que transporta dois milhões de barris de crude - mais de um quarto da produção diária da Arábia Saudita - é a presa mais valiosa capturada até hoje pelos piratas, que estão cada vez mais bem equipados e organizados. Prova disso é o facto de terem evitado as patrulhas internacionais, atacando muito mais a sul.
Os navios da NATO, EUA e Rússia que estão na região pouco podem fazer para impedir estes ataques, uma vez que não conseguem estar em todo o lado. O mandato e as leis internacionais também não permitem o uso de força para libertar quaisquer navios sequestrados.
Mais três barcos foram atacados
Além do ‘Sirius Star’, três navios foram atacados na região nas últimas 24 horas, incluindo um cargueiro sediado em Hong Kong que transportava 36 mil toneladas de trigo para o Irão. O navio chinês tem a bordo 25 tripulantes, cujo estado de saúde se desconhece. Normalmente os piratas tratam bem as tripulações, para não perderem o dinheiro do resgate. Não foram divulgados pormenores sobre as outras duas embarcações.
PORMENORES
O sequestro de navios na costa somali começou por ser uma reacção de milícias contra os pesqueiros ilegais que na década de 90 se aproveitaram da guerra civil para saquear as águas. As milícias perceberam então que podiam ganhar muito dinheiro com o resgate dos navios capturados e dedicaram-se à pirataria.
Os piratas operam a partir de um barco-mãe e utilizam lanchas rápidas e armamento moderno para abordar os alvos. Têm GPS, telefones-satélite e espiões nos principais portos da região.
Os ataques ao largo da costa da Somália aumentaram este ano. Atraídos pelos milionários resgates, os piratas têm-se aventurado cada vez mais longe da costa em busca de presas mais valiosas. O Gabinete Marítimo Internacional registou 95 ataques de piratas na região desde o início do ano, que resultaram na captura de 36 navios.
Sirius Star: O maior navio sequestrado até agora. Transporta dois milhões de barris de petróleo. O Sirius Star foi capturado 830 km ao largo da costa queniana
Nigéria: Segunda zona costeira mais perigosa da região, com 24 ataques registados entre Julho e Setembro
Golfo de Aden: Uma das vias marítimas mais movimentadas, atravessada anualmente por mais de 20 mil navios - incluindo mais de 6 mil petroleiros que transportam 18% do crude destinado aos EUA e à Europa.
Desde o final de Agosto, uma Força Naval Conjunta de 14 nações patrulham um corredor seguro de 960 km de extensão ao largo da Somália, principal base dos piratas, que mantêm em seu poder pelo menos 12 navios e mais de 250 tripulantes
Resgate médio: 2 milhões de dólares.
Depois de “esgotarem” a parte terrestre com sucessivas guerras, viram-se agora para os mares como nova zona de saque!
E eu que acreditava que os piratas eram “tempos antigos” e tema de histórias infantis… :?
Pensando melhor, “piratas dos tempos modernos” existem por todo o lado…
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